Wednesday, November 26, 2008

O brilhante jovem Maximino

O jovem Maximino já mostrava sua centelha genial em seus imberbes 21 anos. Nessa época, seu pai preocupava-se com a aparente desocupação. Deixara os estudos no 2º ano do ciclo e no único emprego que tivera fora injustamente despedido sob a acusação de inépcia de cálculo, numa mercearia perto de sua casa.
No seu 21º aniversário perguntara-lhe seu pai com a sua intolerante exigência na voz
- Já estás um homem, pá! Que pretendes fazer?
Ao que Maximino pleno de determinação e tranquilidade lhe respondia:
- Pai, quero ser veraneante!
- Queres ser o quê? - perguntava-lhe incrédulo o pai.
- Sempre foi o meu sonho, pai. Ser veraneante! É para aquilo que eu fui moldado!
- Este rapaz é maluco! Que vai ser de mim depois de velho a aturar isto. - E abandonava a mesa abanando os ombros e a resmungar entre dentes.
Sua mãe com seu sorriso permanente ia dizendo, como que a apaziguar.
- Isso nem sequer é profissão, meu filho. Porque é que não estudas para telespectador?
- Mãe. Isso é desmotivante. Sabes bem que eu apenas consigo ver 10 horas de televisão por dia. Aliás, eu não me darei bem a estudar. Sabes bem como os professores costumam invejar minha inteligência. Isto para não falar nos contínuos.
A mãe mantinha seu sorriso enquanto levava à boca a colher de sopa.

Dez anos passaram e Maximino é um destacado membro do aparelho de um partido progressista, no qual entrou por ter sido agredido por duas beatas na clínica de abortos onde trabalhou dois meses na faxina. A conselho de uma associação de abortistas declarou-se como perseguido, e hoje faz jus ao estatuto, valendo-se dele sempre que lhe questionam suas funções e aptidões.
E assim viveu feliz para sempre, mas com uma certa mágoa de nunca ter podido seguir a carreira de veraneante. E como eu cá sou um pouco avesso a happy endings...

1 comment:

Ezul said...

Brilhante carreira! Dizem que é um emprego com futuro, a julgar pelo número cada vez maior de praticantes.
Gostei da escrita!
:)

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